Contados por Eugênia Morais

Solidão virtual


Reservara aquele pedaço de rua, para navegar.Começava a teclar sob os primeiros raios de sol, e só terminava quando a lua vinha dar-lhe boa-noite,expulsando-a da calçada.Tinha como assídua companhia, a solidão, e como estava sempre virada para o céu, mantinha-se longe demais dos olhos reais. Porém, cada vez mais perto da internet.Toda vez que teclava, os dedos doiam.Cada vez que lia uma mensagem, a cabeça explodia de dor, e os olhos ardiam como fogo.As frases enviadas, e as palavras recebidas pareciam encetar uma guerra perversa,sem possibilidades de paz real.Queria sair de tudo aquilo e ir viver,mas não conseguia desligar-se da conexão.Sentindo que a sua vida estava presa por um fio,sorveu um copo de  suco de beterraba com avidez, na esperança de depurar o que ainda a fazia sentir-se viva, e real: seu sangue.


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